05 outubro 2006

Equilíbrios...

Imaginem uma bola.
Eu sei que isto não parece começar bem, mas a bola é já tão universal, que todos conseguem imaginar uma.
Não interessa o tamanho, imaginem só que a equilibram no pico de uma montanha.

Bem, já estou a imaginar os cenários criados pelas vossas lindas cabecinhas. Uns, puseram a bola de pingue-pongue na Torre e ela daí não foge. Outros assentaram a bola de futebol na relva de um planalto ou mesmo de um vale. Os poucos restantes ainda estão a pensar se conseguem chegar ao pico do Monte Branco ou se basta que se fiquem pelos Pirinéus.

Este foi mesmo um mau arranque. Pelo menos, escrevi dois parágrafos com palavras-chave de um desporto muito conhecido que, como a maior parte dos parágrafos onde as ditas estão presentes, não querem dizer nada nem fazem sentido algum mas aumentarão substancialmente o número de leitores.

Recomecemos.

Imaginem uma bola na praia. Uma bola daquelas insufláveis, com meio metro de diâmetro, cheia.
Vá lá, numa praia com algum espaço livre no areal.
Agora imaginem que pegam numa pá (não interessa o tamanho).
Juntam areia num monte da vossa altura (se tiverem menos de um metro e meio façam o monte um pouco maior, ao alcance dos vossos braços esticados).
Usem areia molhada no cimo do monte para oferecer mais resistência e formar um pico afiado.
Coloquem a bola no cimo, tipo a cereja em cima do bolo mas sem a enterrar no creme.
Se a coisa estiver bem feita, equilibrar a bola em cima do monte deverá ser uma tarefa relativamente complicada, mas não impossível.

Imaginaram isto tudo?
E imaginaram as ondas? E a maresia? E o horizonte? E os biquinis? Imaginação fértil.

Queria eu demonstrar o seguinte, se houver uma brisa a bola não se segurará muito tempo no píncaro do vosso monte e desandará por ali abaixo. A vossa sorte é que a brisa normalmente sopra do mar, o que faz com que a bola deslize em direcção a terra.
A questão é que mesmo que tenha sido só uma rabanada de vento, a bola não volta sozinha para o cimo do monte de areia. Uma vez que comece a descer não volta a subir.
A este equilíbrio precário os entendidos chamam instável.

Agora cavem um buraco. Suficientemente grande para lá caber a bola e se sentir o efeito do vento, mas não tão grande que se sintam em dificuldades para sair lá de dentro.
Se lá colocarem a bola no fundo, mesmo que venha uma brisa a bola não sairá do buraco.
Se a brisa parar até é natural que a bola regresse ao fundo do buraco e fique quietinha.
Este é portanto o equilíbrio estável.

Resumindo:
O equilíbrio estável é aquele que volta a reequilibrar-se mesmo depois de desequilibrado.
O equilíbrio instável quando se desequilibra nunca mais volta ao lugar.

Ora, parece-me a mim que tudo na Terra está permanentemente num equilíbrio instável. Saltando de monte em monte mas nunca alcançando o buraco. Só ainda não percebi é se isso é positivo ou negativo...
A analisar noutra nota.

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