03 outubro 2007

Grafia...

Num outro dia, sem que nada o fizesse prever, fiz uma descoberta relevante.
Uma descoberta com uma conotação negativa mas, ao tornar-me consciente dessa realidade talvez possa procurar uma cura...
Então eu confesso, descobri que estou dependente de um corrector ortográfico.
Eu sei, é triste...

Ainda procurei umas desculpas, que não sendo totalmente esfarrapadas, nem totalmente
desprovidas de senso, não justificam em pleno o estado letárgico da minha ortografia.

Entre essas desculpas incompletas há uma que será, talvez, mais válida. Afinal eu sempre dei uma pilha de erros nos ditados, exasperando a minha professora primária. Comia letras, sobretudo consoantes, como os énes que tornam as sílabas nasaladas ou érres e ésses quando se encontram duplicados.
Cresci convicto que possuo dislexia na escrita.

Mas o caso é mais grave e os erros que me levaram a esta nota de retratação são mais básicos que a actual instrução primária.
Não são erros tipográficos em que se altera a ordem das letras na palavra ou em que se martelam letras vizinhas no teclado. Embora os teclados tenham uma certa tendência para se desviarem, sobretudo quando estou cansado.
Tenho dúvidas existenciais quando escrevo sem a rede, leia-se sem corrector.
Será já um princípio de Alzheimer?

Bom o problema está identificado.
Creio que a solução passa por continuar a escrever e sobretudo ler mais em português.
Ler noutras línguas não ajuda para a ortografia do português mas o tempo para a leitura é curto e, nestes últimos tempos, o topo da pilha inclui títulos em estrangeiro, com prioridades mais elevadas.

Não nos podemos esquecer que só conhecemos as palavras que ouvimos ou lemos.

Entretanto já lá vai mais de um ano que para aqui escrevo... assim sem mais nada.
Claro que há sempre umas notas que soam melhor que outras. O exercício da escrita não é linear.
Gostava de discorrer sobre outros temas ou com outros estilos mas nem sempre encontro
as palavras que quero, ou as que encontro não são suficientes para elevar um tema banal e considerar prendê-lo por aqui.
Claro que estou a elevar a fasquia e claro que tornando-me mais exigente diminuo (ainda mais) a
frequência das anotações e acumulo rascunhos incompletos. Uma situação a rever.


Nota cultural:

Tudo isto me fez lembrar uma citação de Stephen King:
"If you don't have the time to read, you don't have the time or the tools to write."

Que uma tradução livre revela, em português:
"Se não tens tempo para ler, não tens tempo nem as ferramentas para escrever."