19 dezembro 2006

Tom e...

Qual o nome que vem a seguir?

Dastardly and Muttley - Wacky Races (As Corridas Mais Loucas do Mundo)Por uma resposta correcta a esta pergunta, eu não ofereço nenhum chupa. Por isso escusam de começar aí a babar só de imaginar aqueles chupas grandes e coloridos ou os outros, que eram os vossos preferidos, aqueles que adoravam quando eram pequenos e pelos quais pediam 25 tostões que à vossa mãe tinham custado a ganhar.

FlinstonesHoje foi notícia em todos os serviços noticiosos que são minimamente dignos desse epíteto, a morte de Joseph Barbera.

Desde pequenos que convivemos com as maravilhosas criações da dupla Hanna-Barbera, das quais Tom & Jerry são as mais notáveis.

Top CatA notícia, vista de raspão na Internet, chocou-me.
Não pela morte do artista em si mesmo, afinal o homem já tinha 95 anos, mas porque, olhando para o panorama actual da cultura infantil, com o seu desaparecimento não vejo sucessores à altura. Isso deixou-me triste.

The JetsonsRegressei a casa e a notícia voltou a surgir nas minhas incursões pela rede.
Foi então que resolvi escrever esta nota.
Taciturno e nostálgico, preparei-me para escrever aquelas palavras tristonhas, pesadas, que quando se lêem arrepiam e nos deixam calados.

Para ilustrar o texto procurei alguns desenhos, nem vinte segundos passaram e...



Como que por artes mágicas o meu sorriso voltou e as minhas gargalhadas fizeram-se ouvir no edifício.

Scooby-DooSe a minha vizinha não tivesse a consciência pesada, por fazer todos os dias uma chinfrineira maior que qualquer banda filarmónica durante um ensaio, com pratos, tubas e bombos, provavelmente teria batido à minha porta para me mandar calar.

É virtualmente impossível ficar imune a um simples desenho de uma qualquer cena de Tom & Jerry. Desafio qualquer um a tentar!


Atom Ant (Formiga Atómica)E como a tecnologia é uma maravilha, até vídeos se encontram por ai... ri até me doerem os abdominais.

Rendi-me!... a minha disposição melhorou exponencialmente e esqueci todas as palavras carrancudas.

E por isso esta nota vai ser curta.
Vou ver mais uns bonecos!


Tom e Jerry

O jogo do gato e do rato é um clássico mais velho que o tempo mas foi reinventado e descrito com a mestria que só está ao alcance de alguns predestinados.




 

 


Obrigado Bill.William Hanna e Joseph Barbera com Tom e JerryObrigado Joe.


Pelo Tom, pelo Jerry, pelos Flintstones, pelos Jetsons, pelas Wacky Races, pelo Scooby-Doo, pelo Top Cat, pelo Yogi Bear (Zé Colmeia), pela Formiga Atómica e por tantos outros que agora não me lembro mas que me apetece rever.

18 dezembro 2006

Novo Reino...

O Mundo é redondo e gira.
Roda em torno de si próprio.
Ciclo que marca o compasso da vida.

E o movimento é pleno, circular.
A noite encontra o dia e o dia mergulha na noite.
Cão que corre atrás da sua cauda.
Pescadinha de rabo na boca.

E no fim voltamos ao princípio.
Do princípio partimos para o fim.

E as ilógicas sequências de acontecimentos rodopiam e tornam-se evidentes quando alargamos a escala temporal.

Camões, esse “Príncipe dos Poetas”, essa luz maior no firmamento da nossa cultura, eternizou a epopeia portuguesa. Verso após verso, estrofe após estrofe, encerra nos Lusíadas várias revoluções do globo e conclui um ciclo da história.

A sua obra-prima é, segundo reza a lenda, inspirada na decadência do reino.
O círculo volta a fechar-se, é na decadência que se invocam as memórias dos grandes feitos.
O Luís Vaz quis preservar o estado de graça da sua pequena Pátria e do seu grande Império.

Mas Camões é também um elo desta corrente que nos cinge à nossa condição, é parte integrante deste todo. A sua influência é tão positiva que se repercute também nas páginas negras da história.
Talvez seja isso que define os grandes génios, a sua capacidade para unir os opostos.
Como tantos outros génios, que viveram antes e depois, o Poeta dá o seu contributo para a glória e para a desventura.

Camões abraça e beija a Pátria e instiga-a a feitos maiores.
Os Lusíadas são um grito de incitamento!
Desenha o mapa dos caminhos trilhados e dos mares navegados.
Mostra “a grande máquina do Mundo”.

Mas Luís Vaz de Camões dedicou o seu poema épico a D. Sebastião.
E, apontando “o Mouro frio”, exalta os seus feitos futuros ao serviço da Lusitana liberdade e “aumento da pequena Cristandade”.

D. Sebastião, “o novo temor da Maura lança”, parte à conquista de África, que nunca será sua, e entrega o destino de Portugal à sorte que se conhece.

Camões morre, meses antes de Filipe II de Espanha se tornar o I de Portugal, afirmando: “Ao menos morro com a patria”.

E as águas do tempo fluíram até ao mar, evaporam-se, choveram e voltaram a brotar nas nascentes.
E a memória do Poeta preservada e enaltecida à justa luz dos seus feitos e escritos.


Pequenas anotações:

Camões atribui a D. Sebastião aquela que é, na minha singela opinião, a maior homenagem que algum português jamais recebeu. É a D. Sebastião que as 1102 estâncias dos Lusíadas são dedicadas.
Quis o irónico destino que essa dedicatória ficasse imbuída de um simbolismo próprio que eu considero transcender a conjuntura histórica.
Para mim é um reflexo de nós próprios, do ego e orgulho maiores do que conseguimos albergar dentro de nós, que nos fazem desperdiçar as nossas potencialidades e as oportunidades de que dispomos.


A influência dos génios na história do mundo é por demais evidente.
Albert Einstein, ciente das reacções em cadeia dos átomos de urânio, cometeu, segundo o próprio afirmou, o maior erro da sua vida quando escreveu a Roosevelt.

15 dezembro 2006

Fecho os olhos...

 

Apetece-me fechar os olhos...
Recostado num sofá... lá longe...

Sentado numa cadeira, enterro a cabeça nas mãos e fecho os olhos.

Escuto ruídos...
Uma criança que grita e chora...
Mobília que se arrasta no fim de um jantar...
Sons estridentes que me rasgam os tímpanos...

Uma televisão...
Uma música que toca...

Sinto nas minhas têmporas o ritmo do meu sangue.
Estou tenso e tento relaxar.
Músculos tão retesados que magoam.

De repente o silêncio...
Apenas um ventilador continua o seu zumbido...
Uma torneira pinga.

Encosto as costas no espaldar da cadeira...
Olhos fechados...
Respiro com mais calma...
Massajo as cervicais que doem debaixo dos meus dedos.
Dor e alívio...

Ganho coragem para me levantar.
Respiro fundo e sigo para a cama.

Preparo-me devagar... sem pressas...
Antecipo o momento em que volto a fechar os olhos...

O meu corpo quente recebe com prazer o frio dos lençóis.

Aconchego-me...
Fecho os olhos...
Respiro fundo...
Adormeço...

Deixando para amanhã algo do que poderia ter feito hoje.

13 dezembro 2006

MCXLIII...

No decorrer de uma amena cavaqueira alguém afirmou que o D. Afonso Henriques teria sido o rei português que fez o maior erro da nossa história.
Esta insólita acusação foi sustentada na opção táctica, segundo o meu interlocutor errada, de reconquistar para Sul em vez de conquistar para Leste.

A coisa foi apresentada num tom de voz tal, que deixou no ar a insinuação de que o Afonso, no auge da sua juventude, teria comido uns cogumelos alucinogénios antes de partir com o seu exército à conquista dos castelos mouros.
Eu rejeitei, peremptoriamente, este impropério!

Anos mais tarde, por mero exercício de retórica, resolvi analisar alguns dos prós e contras desta teoria. Afinal estamos, ao que dizem, na época em que o contraditório está na moda e só me fica bem aceitar e respeitar as opiniões dos mais velhos.

A minhas pequenas células cinzentas(1) devem ter escurecido bastante devido ao esforço aplicado, durante horas e dias a fio, na tentativa de prever todas as consequências de uma conquista para Leste.

Não atingi uma conclusão que me agradasse e por isso assumi, nas restantes reflexões, que a ideia seria conquistar não só para Leste mas também para Norte, ocupando toda a faixa norte da Ibéria.
Espanha teria as restantes três fronteiras iguais e no pedaço Sul, que sobraria do canto ocupado hoje por Portugal, estariam os Sarracenos.

Como não quero ser acusado de ser fundamentalista, nem tão pouco influenciar o vosso julgamento, apresento uma pequena compilação não classificada.

Portanto, se o Conquistador tivesse seguido para Leste:

  • Integraríamos no nosso território a cordilheira cantábrica e parte dos Pirinéus.
    Belas paisagens e picos bem acima dos dois mil metros, mais altos ainda que o Pico.

  • Portugal teria um acesso mais directo ao mar do Norte.
    Pouparia muito combustível para ir pescar bacalhau. E para Norte seria mais fácil de descobrir do que para Sul. Talvez atormentássemos os povos do Norte, assim ao jeito dos Vikings.

  • Não existiria a expressão “amigos de Peniche”(2). Seriam amigos doutra terrinha qualquer.

  • Olivença era espanhola (ou marroquina) e nós não nos preocupávamos com isso.

  • Com os galegos não haveria dificuldades, acho que eles até preferiam ser portugueses, mas com os bascos, que querem ser bascos, poderíamos ter problemas.
    Para terroristas com manias independentistas já nos chega o governo regional da Madeira. Isto partindo do pressuposto que as ilhas eram nossas.

  • Devido ao fluxo de imigração ilegal, já teria sido construído um muro ao longo das fronteiras terrestres entre Marrocos e os outros dois países da península.

  • Faríamos fronteira com a França.
    Se Napoleão atravessou toda a península e contou com a ajuda dos espanhóis, para nos tentar invadir, o que aconteceria se estivéssemos entalados entre essas duas nações?

  • A Lusitânia não estaria incluída nos nossos territórios.
    Seria muito complicado designar aqueles a quem, com orgulho hipócrita, chamamos de Luso descendentes, filhos de uma quarta ou quinta geração de emigrantes bem sucedidos, no Canadá ou noutro país qualquer.

Fiquei depois a matutar como seria o mundo se Portugal tivesse crescido na outra direcção.
Eis algumas perguntas para as quais não obtive respostas concretas:

  • Teríamos descoberto o Mundo?
  • Os brasileiros falariam árabe e os norte-americanos português?(3)
  • Sobre quem recairiam das piadas que hoje são sobre alentejanos?
  • O azeite seria tão bom como o nosso ou seria parecido com o óleo de colza espanhol?
  • E as sardinhas? Como toda a gente sabe, quando são pescadas fora das actuais águas portuguesas perdem a maior parte das suas qualidades.

Estas dúvidas existenciais apenas reforçam aquilo que o meu instinto me dizia: o Afonso não era tolo. Fê-la bem feita!

Eu cá sempre admirei o Afonso, o Fundador. Ele foi o primeiro!
Órfão de pai, teve de mostrar à mãe quem era o homem lá em casa.
Depois dessa pequena querela familiar, o rapaz ganhou o gosto pela espadeirada e descarregou tanto nos mouros (afinal não se deve bater na família), que ganhou o direito a ser rei de um país.

Em Zamora, a 5 de Outubro de 1143 (quem não sabe esta data não é Português!)(4), foi assinado o tratado no qual Castela, Leão e aqueles reinos que para ali estavam a oriente, reconheceram Portugal como um reino independente.

Por tudo isto ilibo de vez o D. Afonso Henriques.
Além de que, cá para mim, houve um rei que fez uma asneira muito maior. Precisamente aquele a quem foi prestada a maior e mais simbólica homenagem jamais prestada a um português!(5)
Irónico não é?

T.P.C.
(1) “Pequenas células cinzentas” é uma expressão colocada com mestria na boca de um famoso detective. Sabem de quem estou a falar?
(2) De onde vem a história dos “amigos de Peniche”? Na pequena lista que apresentei faço mais duas referências explícitas a esse período conturbado da história. Conseguem identificá-los?
(5) O rei é D. Sebastião e a asneira é sobejamente conhecida. Sabem qual foi a homenagem que lhe foi prestada? Esta hoje vale o chupa.

Nota para pensar:
(3) Já imaginaram como estaria neste momento o equilíbrio do mundo se os Estados Unidos tivessem sido criados por portugueses e o Brasil fosse um estado muçulmano? Estou tentado a acreditar que a geopolítica louca em que estamos embrulhados seria bastante diferente...


Nota extra:
(4) O dia em que o tratado de Zamora foi assinado é celebrado como feriado nacional mas por um motivo diferente.
Ironicamente, ou talvez não, exactamente 767 anos depois de o reino ter sido oficialmente criado, acabou-se com a monarquia e implantou-se a república.

03 dezembro 2006

Chupa-chupas...

Há uma data que quem não a sabe não é Português.
Este é, para mim, o teste básico à origem do sangue que vos corre nas veias.
Qual a data e porque é que lhe é atribuída tanta importância?

A propósito, esse dia é feriado em Portugal?

A primeira resposta a estas perguntas recebe um chupa-cupa.
O mesmo prémio será oferecido à primeira resposta correcta e bem justificada.
E ofereço um terceiro à resposta que, certa ou errada, eu considerar mais original.

Sorrir...

Disseram-me aqui há dias que estas notas revelavam nostalgia.
Sou levado a concordar, até certo ponto, com essa ideia.
Afinal estou a exercitar a minha memória, são as recordações que temos da vida que acabam por revelar quem somos.
Mas estou também a experimentar o meu sentido crítico, que ganhou uma perspectiva diferente.

Mas o meu esforço tenta ir um pouco para além dessas escapadelas pelo passado recente e invocações do património cultural português.
Numa rede que já é global, onde se perde a identidade individual e colectiva em modas disseminadas e já interiorizadas, onde a escrita se adapta e a informação se perde nos excessos e redundâncias de um consumo massivo, procurei apenas um escape, mas vejo que alcanço um pouco mais. Que atinjo um patamar em que partilho convosco o meu ser.

Vou, por isso, lançar um desafio.
Na prática serão vários desafios.
Pequenas mas importantes questões, que vos vou colocar à laia de teste diagnóstico, para aferir a condição da vossa cultura.

Assim, presunçoso e altivo, vou educar-vos!

A ideia é simples – ensinar, aprender e ver aqui presas notas de outras cores escritas por outras mãos.
As regras serão igualmente simples.
Colocar-vos-ei perguntas, sobre tudo um pouco.
Aguardarei as vossas respostas, através de anotações as minhas notas.

O grande objectivo é que acabem por revelar o que sentem sobre o que para aqui escrevo, que aprendam e ensinem, e que se divirtam como eu me divirto.

E não tenham medo, se não sabem inventem, partilhem as vossas teorias estrambólicas.
Não agredirei pessoa alguma e exercerei o meu todo-poderoso poder de censura para garantir que ninguém se magoa.
Se ainda assim continuarem reticentes, por serem mais tímidos ou simplesmente medricas, lembrem-se que não precisam de se identificar.

Considerem esse gesto um pequeno tributo à cultura e alma Lusas.
Se, teimosamente, vêm beber a esta fonte palavras que vos fazem sorrir, têm o direito e o dever de contribuir para o meu sorriso e o sorriso dos outros.

01 dezembro 2006

1640...

Bolas! Logo hoje!
Primeiro de Dezembro!
E a senhora da caixa do supermercado a perguntar-me se era espanhol!

Isto não seria insultuoso se ela não estivesse observar o meu BI, nas suas mãos, a fim de confirmar a minha identidade e verificar que o cartão de plástico, que lhe apresentei como forma de pagamento, era mesmo meu.
Sorri, disse-lhe que não, que era Portugais, enquanto pensava para mim mesmo: @#£$§%&?!

(Para que estas notas não sejam censuradas, ou interditas as menores de 18, acho melhor abster-me de reproduzir o chorrilho de palavras e ideias que... enfim... dispersei do meu espírito, afinal educaram-me bem.)

Este episódio não foi uma estreia. Várias foram as vezes, aqui neste país culto e civilizado, em que olharam para a minha fotografia e impressão digital e me fizeram esse género de perguntas parvas.
Fico na dúvida se estão a gozar comigo ou se simplesmente não sabem ler.
É que, não sei se já repararam, todas as indicações no nosso Bilhete de Identidade de Cidadão Nacional estão traduzidas para Francês e Inglês. Bem sei que estão em letrinha pequenina mas...

Isto a terminar um dia cansativo, diria mesmo: arrasador.
Não por haver mais trabalho, ou por este ser mais exigir mais de mim, mas tão-somente por não poder saborear o feriado.

A verdade é que eu gosto de desfrutar todos os feriados.
No entanto, tenho uma sensação, arreigada no meu sangue, que este tem uma significação especial.
Afinal é o dia em que agradecemos e festejamos a existência dos espanhóis, se eles não existissem, para que lhes déssemos na corneta, este dia não seria feriado.

Pela mesma razão, talvez até por outras, proponho que os dias 24 de Junho e 14 de Agosto figurem também nos calendários como feriados nacionais.
Sim 24 de Junho é dia de S. João, mas foi nesse mesmo dia, no ano da Graça de 1128, no berço da Nação, que o Afonso arriou na mãe.
E a 14 de Agosto de 1385, ali nos campos de S. Jorge, ocorreu uma peleja onde uma padeira fez furor.

Fiquei curioso...
Quantos feriados têm os espanhóis à nossa conta?