De quatro em quatro anos estaciono durante cerca de duas semanas no sofá, com a televisão sintonizada na cobertura dos Jogos Olímpicos.
E se me lembro do Carlos Lopes a cortar a meta em Los Angeles e da Rosa Mota em Seul... nas tardes e noites de Agosto passadas em casa dos avós, na Costa Vicentina... A minha memória está mais viva desde aquele momento mágico em que o Antonio Rebollo acendeu a pira olímpica em Barcelona. E depois Atlanta, Sydney, Atenas, Pequim... e agora Londres.
Claro que não me lembro de Moscovo, mas a história que se aprende com o passar de cada ciclo olímpico, (e já lá vão quantos? 8 e meio!) está deliciosamente recheada...
Alguns dos nomes maiores do desporto foram gravados no meu subconsciente sem eu sequer me aperceber... Liddell e Abraham através da 20th Century Fox, pelos livros de história onde Jesse Owens pontifica em fotos nas mesmas páginas onde de vê o asqueroso bigode de Hitler... e pelo tio Zé Fino, que me entre outros nomes me chamava Zátopek, pelo avô fã da Roménia e da Nadia.
E claro Pierre de Coubertin, como seria de esperar, foi-me apresentado na infância pelo Sport Goofy(1)!
A cada Olimpíada há novas estórias, novos recordes batidos, é a espécie humana que se supera a si mesma.
Mais! A cada Olimpíada é possível aferir não só a evolução do desporto mas da engenharia e da técnica... A televisão é talvez o testemunho mais nítido dessa evolução... desde as primeiras emissões a preto e branco dos jogos de 1936 até às emissões em alta definição e a três dimensões dos jogos de Londres.
A cada Olimpíada continuo a emocionar-me, desde as lágrimas à raiva pura. Porque alguém bateu um recorde pessoal sem ganhar uma medalha... porque alguém que pesa 77kg e sofreu uma lesão num braço, consegue levantar 190kg para ganhar uma medalha de prata, enquanto grita de dor e as lágrimas se confundem com suor...
A raiva vem sempre porque há quem tente fazer batota e manipular as regras.
E como me irritaram as meninas do badminton! Jogar para perder só parar defrontarem pares teoricamente mais fracos na eliminatória seguinte. Foram desqualificadas! E bem! O espírito desportivo prevaleceu...
Além de que como agora tudo é espectáculo, quem pagou (caro!) aqueles bilhetes não terá sido para ver as melhores jogadoras do mundo atirarem volantes contra a rede.
O espectáculo felizmente continuou em grande durante duas semanas, mais recordes foram batidos, mais história aconteceu que ficará registada na minha memória.
Quando os jogos acabam é um alívio, já me posso levantar do sofá!
Estes jogos de Londres tinham o slogan: "Inspirar uma geração!". Pois a mim não precisam de inspirar, 2016, Rio de Janeiro, voltarei a seguir tudo o que conseguir!
(1) - Sim, foi numa animação colorida da Disney, gravada numa cassete VHS que revi vezes sem conta que ouvi pela primeira vez a frase:
The important thing in life is not the triumph but the struggle, the
essential thing is not to have conquered but to have fought well.
Com a legenda em Português:
O importante na vida não é tanto o triúnfo mas o combate, o essencial não é conquistar mas é ter lutado bem.
Mal eu sabia que um dia viria a saber ler o original:
L'important dans la vie ce n'est point le triomphe mais le combat, l'essentiel ce n'est pas d'avoir vaincu mais de s'être bien battu.
13 agosto 2012
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