19 janeiro 2007

Queijo...

Começo pelo supermercado, onde fui para comprar duas ou três coisas, antes de regressar a casa depois de mais uma semana de trabalho.

Ignorei a minha regra básica número um das compras: “Não ir às compras com fome.”
Resultado: gastei umas sete vezes mais dinheiro e cerca de cinco vezes mais tempo do que o inicialmente previsto.
Isto para não falar da quantidade de comida de qualidade e gosto dúbios que comprei a pensar que devia experimentar.
Afinal meti para o cesto um monte de coisas que na altura tinham um aspecto apelativo mas que agora... enfim... alguém há-de comer aquilo, hei-de ter fome noutros dias.

A verdade é que saí de lá contente e ainda parei naquela padaria da esquina para comprar uma baguette quentinha.

Confesso que depois de um repasto avantajado e carregado de sabores ricos e fortes, fiquei orgulhoso. Ao fim de quase um ano de exílio, consegui finalmente descobrir sabores mais de acordo com o meu requintado palato lusitano.
Um salsichão bolorento, umas fatias de paio, um pedaço de queijo de cabra, umas azeitonas retalhadas temperadas com alho e, em estreia absoluta, manteiga com sal.

Esta manteiga vai muito melhor no pão quentinho que aquela mixórdia doce, que vendem às toneladas e a que chamam beurre doux.

Claro que continuo a perceber patavina de queijos franceses, aliás hoje afirmei ao almoço que é difícil encontrar um bom queijo em França.
O meu erro foi tê-lo afirmado, em francês, a uma mesa cheia de franceses.
Embora ofendidos não me deixaram os olhos negros. Uns porque me acharam estupidamente ignorante e acharam que não merecia o esforço e outros porque olharam para mim e acharam que eu chegava para eles.
Obviamente, encheram-me a cabeça com as virtuosidades das queijarias francesas e de todas as outras coisas que eles consideram a excelência da gastronomia Universal.

Bem, fugi ao assunto do dia... hábito que não consigo perder e contra o qual continuo os meus exercícios de reabilitação. O que eu queria anotar hoje era, com certeza, muito mais interessante que estas discussões surdas sobre comida, com tipos que têm papilas gustativas primárias, que não acompanharam a evolução ou que foram manipuladas geneticamente.
Mas tenho a barriguinha cheia, com sabores agradáveis. Estou satisfeito.

Dizem que o que o queijo faz esquecer... se calhar foi isso...

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