Pouco passa das três da tarde.
O Sol apresenta-se com um brilho tímido, entrecortado por uma camada de nuvens altas.
Estou parado no trânsito sem saber porquê.
Uma multidão deambula pela rua, aparentemente sem objectivo.
É domingo, um aprazível domingo de Inverno.
Cinco minutos mais à frente, um cartaz de cores garridas anuncia o início de um qualquer festival de música.
Nada mais banal, penso eu, numa terra que tem um palácio de festivais.
A polícia interrompe o trânsito, um, dois, três bólides de luxo cruzam a estrada em direcção a um hotel. Vidros escurecidos ampliam a curiosidade de quem espreita à espera de ver os artistas.
Um bando de gentalha histérica corre atrás das viaturas. Máquinas fotográficas em punho e blocos de notas esperançados num autógrafo.
Crianças saltam, alegremente, nuns trampolins do outro lado da rua. O carrossel anuncia nova viagem e recomeça a girar. Gelados, pipocas e algodão doce...
A pureza dos seus risos é um contraste gritante com os espasmos colectivos em frente ao hotel.
Maralha que deixa de apreciar a simplicidade das coisas, que procura na confusão um rasgo de felicidade efémera, nos sorrisos de outros por entre os disparos dos obturadores, comprimidos contra a vedação.
O trânsito avança devagar, libertando-me do tumulto. Passo à frente do hotel e olho para a alegria sincera das crianças no lado oposto.
21 janeiro 2007
Lado oposto...
Nota presa por Yosemite Sam às 16:55
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