25 março 2009

Picante

As papilas gustativas só distinguem o doce, o amargo, o salgado e... o picante.
Sem olfacto os detalhes de todos os outros sabores são ignorados.
Acho que já para aqui dissertei sobre o assunto... já não anoto há tanto tempo que não tenho a certeza e não me apetece ir rebuscar os arquivos.

Mas esta nota vai num sentido diferente, para lá da complicada anatomia da língua.

Com o nariz entupido por uma constipação que anunciou uma Primavera prematura, a única possibilidade de desfrutar uma refeição passou por recorrer ao abuso do sal e do picante. Algo que já é habitual mas nestas ocasiões a justificação é válida.
Com a língua a arder a tensão arterial demasiado elevada, deu-me para pensar... o que é sempre perigoso.

Fiquei a pensar se a gastronomia indiana não terá sido inventada por um povo desprovido de olfacto. Encharcam a comida em picante para exercitar o paladar.
Não quero aqui a atacar as susceptibilidades de ninguém, mas afinal isso pode justificar o facto de eles deixarem andar as vacas à solta.
Dizem que os odores nas ruas nem sempre são agradáveis, um facto que tenho de verificar, um dia, in loco.

Uma outra teoria, diria antagónica, é que eles usam o picante para entorpecer os outros sentidos, em particular o olfacto... e daí suportarem as vacas...
Não o fizeram com o sal porque este é um bem de luxo e provoca hipertensão. A malagueta cresce como erva daninha e até pode ser terapêutica.

O certo é que um restaurante indiano é daqueles que compensam sempre quando o nosso nariz está entupido, não ficamos com remorsos de pedir um prato exótico e não o poder saborear.

Claro que estas teorias levantam outras questões relevantes como:
Porque será que o México abusa do picante?
Bem, para aquelas bandas também havia índios...

O picante e o sal dão para longos devaneios... e sabem tão bem.
Também gosto do açúcar... para a sobremesa.

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